Infraestrutura
Entrevista
Temos que multiplicar por cinco a malha ferroviária, diz especialista
Para presidente da Frente Nacional pela Volta das Ferrovias, Brasil ter 25 mil quilômetros de ferrovia é motivo de vergonha
por Redação — publicado 17/11/2015 03h34, última modificação 17/11/2015 03h40
Apesar de suas dimensões territoriais, o Brasil precisa também pensar como um gigante e focar tanto na exportação de produtos com valor agregado além de commodities quanto em um impulso logístico que dê conta disso. Esse, ao contrário das condições que temos hoje, é encarnado na figura das ferrovias. Carente desse tipo de transporte, o País tem hoje cerca de 25 mil quilômetros de linhas férreas. Pouco para um país que almeja ser um ator global de peso no cenário econômico mundial. “Temos que ao menos multiplicar por cinco a nossa atual malha ferroviária. Somos um país continental que merece um destino diferente”, defende o engenheiro José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da ONG FerroFrente (Frente Nacional pela Volta das Ferrovias). “Hoje transportamos por trilhos apenas 50% da soja que exportamos pelo porto de Santos, que ainda é o maior do País”.
Entusiasta de um novo tipo de planejamento em termos logísticos e em transportes intermodais, Gonçalves critica o fato de historicamente o Brasil ter aceitado ser “quintal das nações que queriam exportar suas plantas fabris sucateadas de automóveis” e cedido à pressão de montadoras estrangeiras, “dos mesmos países que financiavam nosso desenvolvimento, nossa industrialização” no pós-Guerra. Em entrevista a CartaCapital, ele defende que o projeto para a ampliação da malha ferroviária no Brasil seja centralizado, em vez de distribuído entre os ministérios dos Transportes e das Cidades, como vem ocorrendo.